sexta-feira, 5 de março de 2010

A fera

Os olhos da fera me encaravam, eles não eram bolas de fogo, vermelhos e nem saíam faíscas deles, eram negros, obscuros e aterrorizantes como as trevas, trevas que tentavam me engolir com sua fúria e imponência, sem resposta a aquele olhar meu corpo paralisara quase não resistindo a necessidade de derramar lágrimas assustadas.
Dizem que os olhos são a porta da nossa alma e se isso for verdade com certeza aqueles olhos eram as portas do inferno que compenetradamente tentavam me atrair e me impor toda aquela raiva descomunal, a sua vontade era descontar sua cólera irracional em mim. A minha alma sofrera lesões após ver as trevas. O seu rugido fazia minhas pernas tremerem de acordo com o seu tom de voz que se elevava cada vez mais, ainda paralisado o pânico estampava meu rosto e se alastrava como um raio pelo meu corpo. Comecei a chorar e mesmo já não vendo aqueles olhos assassinos, eu podia senti-los se deleitarem como se tivessem vencido e atingido seu objeto principal. Os gritos medonhos de ordens eram incessantes e a cada movimento brusco do monstro eu sentia o medo cortar-me por inteiro, e finalmente satisfeito a fera se afastou lançando o seu último olhar como se falasse que iria voltar para acabar com o que sou por dentro e com o que restou da minha alma.
Sozinho a dor parecia se multiplicar e meus olhos se escondiam ainda amedrontados jorrando todas as tristezas que pudesse. A minha racionalidade fora voltando aos poucos assim como ia tentando expurgar aqueles sentimentos de mim, mesmo fracassando em maior parte. Tudo aquilo me causara exaustão e ao fim eu desabei na minha cama e deixei o sono levar minha consciência assim como o amanhecer levaria a noite embora.

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